quinta-feira, 2 de junho de 2011

Entrevista Vanderlei Oliveira





O repórter cinematográfico da TV Globo Minas e estudante de Jornalismo da PUC Minas Vanderlei Oliveira fala sobre censura, liberdade de imprensa e de expressão, dentre outros assuntos. A entrevista foi realizada pela aluna Fernanda Fernandes Borges, em junho de 2011. Fotos: Fernanda Fernandes Borges

1) Você já vivenciou em sua profissão a falta de liberdade de expressão?
Enquanto o jornalismo for pautado pela publicidade, os órgãos de imprensa forem pautados por interesse vai haver uma certa restrição. No campo da política e do esporte, isso é mais evidente.

2) O que você entende por liberdade de imprensa?
Ela existe quando o cidadão pode se expressar livremente. Poder fazer as imagens que contribuam para o coletivo, para o bem comum.

3) Como você define a liberdade de expressão?
Acho bem restrita em nosso país. O que é pautado é do interesse dos empresários da comunicação e não do cidadão. A Folha de São Paulo é abertamente favorável ao político José Serra e isso necessariamente não reflete a preferência da maioria.

4) É possível ser imparcial em relação a algum fato?
Quando se ouve os dois lados sim. Na empresa em que trabalho temos essa norma. Um ataca, o outro defende.
5) Você já fez alguma gravação oculta?
Já gravei várias vezes com câmera escondida em matérias de interesse público, como denúncias. Isso é válido para a sociedade, porque contribui para uma maior transparência em diversos setores. O editor-chefe é quem decide se deve ir ao ar ou não.
6) Você acha necessária a criação de uma lei de imprensa?
Eu acho que deve haver um controle maior sim. Os jornais sensacionalistas, por exemplo, abusam e fazem do jornalismo um show. Com a criação do ponto eletrônico, o cara sabe se tem audiência ou não em apenas um segundo, dessa forma aproveita para explorar a dor alheia.
7) O que significa censura?
Quando você é proibido de exercer sua função com ética. Eu vivenciei um caso desse, quando o Luís Felipe Scolari era técnico-
Cruzeiro. Ele havia xingado alguns jornalistas em uma coletiva e pedido para eles se retirarem. Eu gravei tudo e foi veiculado com a autorização de editor. No dia seguinte, voltei no local para realizar um trabalho sobre o time e o técnico impediu que eu filmasse, alegando que não falaria comigo, por eu ter feito as imagens.
8) Qual a sua opinião sobre o caso Wikileaks?
É polêmico. Acho válido, quando é para ajudar muita gente. Se há provas para confirmar os fatos, eles devem ser mostrados. Se você não quer que o caso apareça, não deixe que ele aconteça. No entanto, tudo deve ser comprovado. Caso, haja irresponsabilidade, você pode destruir a vida de um ser humano.
9) Qual o maior desafio já enfrentado em sua carreira?
Eu gosto de desafios. É o que me impulsiona a ficar na profissão. Eu tenho que ter objetivos. Quando fui para São Paulo sem emprego, foi uma ousadia. O bom é que ao chegar lá trabalhei na Globo e no SBT na época da Ana Paula Padrão.
10) O que mais te fascina no jornalismo? E o que mais te desagrada?
Ao fazer uma matéria de cunho social, eu fico feliz. Eu sei que de algum modo, estou contribuindo para o bem da sociedade. A qualidade das imagens que faço também é fundamental, pois posso exercer minha criatividade e minha liberdade.
O sensacionalismo é o pior defeito do jornalismo. O enquadramento, o bom gosto são deixados de lado para o exercício
de um trabalho que só visa a audiência e o lucro e em nada contribui para o cidadão.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Oba! Sociedade Interamericana de Imprensa vem ao Brasil discutir a liberdade de expressão.

Em outubro de 2012, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) realizará em São Paulo sua 68ª Assembleia Geral. O lançamento oficial desta edição do evento no Brasil aconteceu na última quarta-feira (25 de maio de 2011) em coletiva de imprensa que reuniu o diretor-executivo da SIP, Julio Muñoz, e o presidente do Comitê Anfitrião, Silvio Genesini, do Estadão. O comitê é composto pelos jornais Estadão, Folha de S. Paulo, O Globo, A Tribuna (Santos), Diários Associados, O Popular (Goiânia), Gazeta do Povo (Curitiba), Zero Hora (Porto Alegre), Correio Popular (Campinas) e pela Editora Abril.

O evento ainda está um pouco longe! Mas, depois de 21 anos, a assembleia anuncia sua volta ao Brasil em um momento pertinente, em que as discussões sobre a liberdade – em suas diversas vertentes – estão fervilhando, tanto na sociedade em geral como no governo. A homofobia, o casamento homossexual e a liberação da maconha podem ser citados como os alguns temas que têm ganhado notória repercussão nos últimos meses. Outros assuntos que estão em constante discussão são a liberdade de imprensa e os crimes cometidos contra jornalistas. Estes serão temas tratados na Assembleia da SIP do ano que vem.

No rol dos temas estarão a liberdade de expressão, lei de acesso à informação, crimes contra jornalistas e empresas, entre outros. “O Brasil vive um período ímpar, com um governo que apoia o setor de imprensa, mas já passou por ditaduras, quando a livre expressão pouco existiu. Ou seja, esse fórum realizado aqui será um benéfico para o país e para as demais nações das Américas”, afirmou Julio Muñoz.

A Sociedade Interamericana de Imprensa é uma organização sem fins lucrativos que se dedica a defender a liberdade de expressão e de imprensa em todas as Américas. Congregando mais de mil jornais, a entidade realiza dois grandes eventos por ano: a Reunião de Meio de Ano e a Assembleia Geral. A assembleia é dividida em três conjuntos: cultural, operacional e estatutária. Nas seções culturais acontecem palestras e seminários sobre assuntos de interesse do setor ou dos associados. Na parte operacional é debatida a principal missão da entidade: a liberdade de expressão. Nessa seção, por exemplo, os países-membros apresentam relatórios do estado de liberdade de expressão no continente, que são debatidos e rendem conclusões para serem entregues aos governos dessas nações. Por fim, na seção estatutária, os membros discutem assuntos internos, administrativos e legais.

Wellcome back to Brazil, SIP!

Fontes: portaldapropaganda.com.br / adnews.com.br

A proibição da marcha da maconha é um atentado contra a liberdade de expressão?

No dia 7 de maio, estima-se que 5.000 pessoas participaram em passeata no Rio de Janeiro em favor da legalização do uso da maconha. O evento inicialmente transcorreu tranquilamente, no entanto o término foi caótico com a detenção de três pessoas.
As justificativas para a liberação do uso da substância estão na necessidade de tirar a maconha do círculo do crime e desmantelar quadrilhas que fomentam o tráfico. Dessa forma, a violência poderia decrescer já que não seriam precisos meios ilícitos para poder conseguir o fumo.
A marcha que iria ocorrer em São Paulo, no último fim de semana foi proibida pela justiça do estado. Os manifestantes resolveram promover uma passeata em prol da liberdade de expressão. Disso fica a indagação : se todo ser humano tem o direito de expor seu ponto de vista sobre determinado assunto, por que esse evento foi proibido?
Segundo Norberto Bobbio, a democracia deve promover debates pacíficos em detrimento de conflitos físicos que visem a atender grupos de opiniões diversas na sociedade. “A livre expressão de idéias , mais que um mero direito do indivíduo, é um relevante instrumento de paz e ordem social.”
Quando o direito à livre expressão não é observado, o que se vê são manifestações pacíficas serem substituídas por espetáculos de violência, como o que ocorreu nesse caso.
O ser humano pode e deve se expressar, desde que não influencie negativamente a conduta e tente impor idéias subjetivas aos demais. Como a marcha não incentivava o uso de drogas e apenas lutava pela sua legalização, a justiça não devia ter proibido esse direito do cidadão em se manifestar.
Lembrando que o álcool, o cigarro também são drogas e podem ser comercializados legalmente. Cabe a cada cidadão definir o que é bom ou ruim para a sua vida. Não é um simples manifesto que afetará o resto de sua vida ou influenciará definitivamente suas decisões.
Fernanda Fernandes Borges

terça-feira, 24 de maio de 2011

Entrevista com Roberto Almeida

O professor da PUC Minas e Coordenador de Comunicação da AIC (Associação de Imagem Comunitária) Roberto Edson de Almeida discute comunicação comunitária, lei de imprensa, democratização da mídia e o caso Wikileaks. Leia a entrevista realizada pelos alunos Fernanda Fernandes Borges, Geraldo Magela da Silva, Leonardo Bruno Dias e Luiza Senna de Valle Fonseca em maio de 2011.

1) De que forma a comunicação comunitária permite a existência da liberdade de imprensa?
O foco da comunicação comunitária é potencializar a liberdade de expressão. A idéia é possibilitar diálogos, debates, discussões, sendo um espaço mais acolhedor. É ampliar as possibilidades de grupos excluídos dos meios convencionais poderem expressar suas falas e pensamentos e verem isso divulgado.
2) A liberdade de expressão é mais perceptível no âmbito comunitário?
Acho que não. Ela não deve ser pensada assim. Deve ser vista como um direito universal. É interessante pensá-la como um todo e não como restrita a um segmento.
3) Nos meios de comunicação convencionais, muitas vezes, concentrados em poucas mãos, é possível haver liberdade de imprensa? E de expressão?
A liberdade de imprensa está relacionada à própria criação da imprensa. O que ocorre é que a concentração dos meios de comunicação dificulta a liberdade de expressão, impedindo uma participação da sociedade em discussões políticas e sociais da esfera pública. O que mais fica prejudicado é a liberdade de expressão.
4) Como é possível democratizar o acesso aos meios de comunicação?
A democratização só é possível quando entendemos a comunicação como um bem público e não como apenas uma simples mercadoria. O fortalecimento de TV públicas e estatais, da comunicação comunitária e o incentivo ás produções independentes podem ser um caminho paliativo para a democratização. O problema é o preconceito. Muitas vezes, rádios comunitárias são denominadas “piratas”, remetendo a um sentido marginal. O fundamental é entender que a falta de democratização é um reflexo da concentração de poder que existe em nossa sociedade.
5) Você acha necessária a criação de uma lei de imprensa? Por quê?
Sim. Porque a comunicação vive uma desregulamentação muito esquisita no momento. As regras existentes para controlá-la ou puni-la estão no código civil e penal. É necessário haver uma maior ordenação para punir os desvios, regular alguns conteúdos e impedir censuras veladas.
6) O jornalismo, muita vezes é praticado de modo a atender aos interesses capitalistas e se esquece de suas responsabilidades com a sociedade e a ética. Como evitar isso?
O mundo em que vivemos é capitalista. O interessante seria criar espaços para discussões junto à sociedade civil. O jornalismo pode ser explorado comercialmente, desde que não se restrinja a isso. Os cidadãos devem discutir por meio de debates plurais e abertos. Trabalhar com comunicação não é a mesma coisa que produzir cadeiras, canetas e outros objetos. Os empresários precisam entender isso.

7) A regulação da mídia é censura?
Não. Algumas vezes, os problemas são as palavras empregadas como “regulação” que denota uma espécie de censura ou punição. A Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), ocorrida em 2009 em Brasília, não tinha como objetivo proibir conteúdos e sim pluralizar e regionalizar as produções como é defendido pela Constituição, permitindo uma maior diversidade cultural. O objetivo não era cercear a mídia, estrangular a democracia ou impedir o jornalista de informar, mas sim de efetivar a qualidade democrática do Estado. Isso por meio da multiplicação de vozes e produções descentralizadas e diversificadas que propiciariam um fortalecimento da democracia.
8) O que você pensa sobre o caso Wikileaks?
Considero importante. É difícil construir uma sociedade democrática, quando as decisões são tomadas à revelia do povo. É fundamental colocar os segredos às claras para propiciar debates, questionamentos e discussões.
9) Quais as maiores qualidades do jornalismo?
A imprensa durante o governo Lula se mostrou bastante feroz em relação aos escândalos. Isso é importante, porque mostra que não há unamidade em relação à figura de uma autoridade aclamada pela população, mas não preservada pela mídia que de certa forma cumpriu seu papel ao levar aos receptores a realidade dos fatos. Isso é imprescindível para a democracia.
10) E os piores defeitos?
A pior coisa é achar que fazer comunicação é uma prática como vender carros, canetas ou lápis. O sensacionalismo, o denuncismo e o desrespeito com as fontes em troca de pontos de audiência são abomináveis. O jornalista não deve se deixar levar pela mercantilização desse universo.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Quantas mortes ainda são necessárias?

11 jornalistas foram mortos no Brasil entre os anos de 2005 e 2009. Esse é o levantamento divulgado pela Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) em debate no Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, ocorrida na audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado. Não é preciso procurar muito para achar a causa dos assassinatos. É claro que o objetivo de todos eles é impedir que uma informação seja divulgada. Tudo bem, jornalista não é polícia. Mas, concordo com o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, José Augusto de Oliveira Camargo, quando ele afirma que um crime contra um jornalista é um crime contra a sociedade. Como um policial, um jornalista também tem deveres para cumprir, e a divulgação da verdade é um dever (e não uma opção).

Como ser verdadeiro sem liberdade?

Atualmente a imprensa é um “negócio” como outro qualquer. Seu produto (a notícia) deve agradar aos investidores em primeiro lugar, custe o que custar. Os profissionais da comunicação que tentam “nadar contra a maré” trabalham duro para pautar a verdade em primeiro plano. Alguns pagam o preço com a vida. Quantas mortes ainda são necessárias para que a verdade impere no mundo da imprensa? O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, Lincoln Macário, defende a criação de mecanismos legais que protejam os jornalistas de eventuais cerceamentos cometidos pelas próprias chefias na redação. Concordo plenamente que essa seria uma eficaz medida para “início de conversa”.

Para além das redações, a liberdade de imprensa precisa se tornar uma prática social como muitas outras, desde que não seja praticada com violência.

domingo, 15 de maio de 2011

Julian Assange recebe prêmio na Austrália

No dia 11 de maio, o fundador do Wikileaks recebeu a medalha de ouro da Fundação Sidney Peace, localizada na Áustrália, concedida por sua luta pelos direitos humanos.




O site criado por Assange publicou vários documentos relacionados à Guerra do Iraque e do Afeganistão. Além disso, revelou telegramas diplomáticos dos Estados Unidos que criticavam outras nações e líderes.




A medalha de ouro concendida pela Sidney Peace , há 14 anos, só havia sido atribuída a três pessoas: Dalai Lama, o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e o japonês Daisaku Ikeda, da asssociação budista Soka Gakkai.




A fundação prestou essa homenagem a Julian Assange por considerá-lo determinado no objetivo de cobrar transparência dos governos. O vencedor de 39 anos, encontra-se em prisão domiciliar na Grã-Bretanha acusado de abuso sexual, na Suécia em 2010. Ele nega veementemente o crime. Fotos: Carl Court/AFP



Fernanda Fernandes Borges



sexta-feira, 13 de maio de 2011

Entrevista com Euclides Guimarães





O sociólogo e professor da PUC Minas Euclides Guimarães fala sobre liberdade de imprensa, expressão, regulação da mídia e outros assuntos de interesse jornalístico. A entrevista foi realizada pelos alunos Fernanda Fernandes Borges, Geraldo Magela da Silva e Leonardo Bruno Dias em abril de 2011.





Como Você define a expressão liberdade de imprensa?


"Liberdade de imprensa é o direito de divulgar assuntos de direito do cidadão. O jornalista deve ter segurança ao expor suas opiniões e não temer a censura. É uma liberdade especial que assegura ao
profissional o direito de manifestar suas idéias".


Para você o que é liberdade de expressão?


"É o mesmo que significa para os iluministas. É você estar protegido pelas regras da sociedade em que vive para se falar o que se pensa sem temer uma repressão ou um cerceamento de seu direito".


Você acha necessário a criação de uma lei de imprensa?

"Hoje quase todas as áreas de atuação humana precisam de uma legislação. Eu acho que seria válido para regular o fato de jornalista virar empresário, já que o jornalismo não se justifica pelo interesse privado e sim público".


A regulação da mídia é censura?

"Acho que na maioria das vezes não. Eu temo, mais do que desejo essa legislação que está sendo pensada no Brasil hoje, por causa dos casuísmos existentes. Esse caso Wikileaks tem que existir mesmo , o direito do jornalista em denunciar coisas feitas pelo poder público deve ser garantido. No entanto, deve haver uma legislação bem elaborada, pois qualquer lei de imprensa tem que estar preocupada em não se tornar uma censura".

Existe liberdade de imprensa?

No dia 3 maio, foi comemorado o dia mundial da liberdade de imprensa. No entanto, é necessário questionar se ela realmente existe quando interesses privados sucumbem o profissional da comunicação a mentir e causar sensacionalismo em troca de alguns pontos de audiência.


A legítima liberdade de imprensa deve se comprometer com a verdade e com o bem estar da maioria. São necessárias três condições para sua existência: ter certeza do que se fala, possuir bom senso e ter o desejo de contribuir para o desenvolvimento da sociedade.


Infelizmente, alguns jornalistas só se preocupam com o êxito financeiro e profissional. Esquecem -se da ética e do caráter, acusando pessoas sem provas ou mostrando cenas constrangedoras. Quando questionados, utilizam a prerrogativa do direito à informação sem censura. No entanto, o respeito aos valores e as pessoas têm que ser garantidos para que o cidadão não se torne um fantoche na mão de um jornalista mal intencionado.


Esses profissionais de péssima reputação não reivindicam a liberdade de imprensa, mas a sua liberdade de ofender ou de seguir as instruções da empresa em que trabalha, muitas vezes preocupada apenas com o lucro. O sujeito comum pode até tentar suscitar uma discussão sobre determinado assunto, mas essa só ocorrerá nos grandes veículos de comunicação se atender aos requisitos comerciais.


Por isso a indagação: existe liberdade de expressão? No período eleitoral, os meios de comunicação se dizem imparciais quanto ao posicionamento político. Sabe-se que isso é hipocrisia. Poucos assumem o seu posionamento. Se a liberdade de expressão fosse realmente válida não haveria esse temor de expor seu ponto de vista com medo de represália por parte de anuciantes responsáveis por manter no ar a programação dessas emissoras.


As críticas que muitos jornalistas e empresários de comunicação fazem ao Conselho Federal de Jornalismo ou ao Conselho Nacional de Comunicação Social em relação à regulação de conteúdo é justificada pelo falso direito de dizer o que quer, pensando que ficarão impunes às irresponsabilidade e injustiças que muitas vezem cometem.


A liberdade de imprensa apenas será plena , quando a seriedade e a competência dos profissionais e empresas de comunicação imperar em contraposição à vaidade e ao acúmulo de capital em benefício de poucos, prejudicando muitos.
Fernanda Fernandes Borges

quinta-feira, 5 de maio de 2011

"Pra você, o que é liberdade de expressão?"

Clique aqui e assista ao vídeo com alguns depoimentos sobre o assunto.

Descrição: Vídeo produzido pelos alunos do 7º período de Jornalismo da PUC Minas
Local: Estação Central de Metrô de Belo Horizonte/MG
Data: Abril/2011

sábado, 16 de abril de 2011

A regulamentação da mídia é censura?

No ano passado, em novembro, houve o Seminário Internacional Comunicações Eletrônicas e Convergências de Mídias, em Brasília, promovido pela Secretaria de Comunicação da Presidência. A discussão tinha com tema central normas semelhantes às existentes em países como Reino Unido, França e Canadá no que se refere à regulamentação da mídia.
O debate suscitou o grito dos empresários de comunicação que disseram que isso seria uma censura e um atentado à liberdade de expressão. O ministro de Comunicação Social Franklin Martins afirmou que a intenção do governo era proteger a língua, a cultura nacional e as crianças menores de idade.
Infelizmente, no Brasil em que poucas famílias concentram o direito de concessão para rádio e TV, qualquer discussão em relação a algum tipo de controle, os donos já falam em censura e falta de liberdade. A verdade é que eles não querem mudanças que sejam obstáculos para seus lucros.
A regulamentação da mídia é válida para oferecer uma programação de qualidade a quem acompanha os meios de comunicação. Ninguém é obrigado a compactuar com baixarias e atitudes desesperadas para se alcançar audiência em busca de patrocínios altos que apenas beneficiarão o dono do veículo de comunicação e não seu público que apenas perde em lhe dar prestígio.
Um bom exemplo foi o que fez o programa Sônia Abraão no caso da menina Eloá, em outubro de 2008. Além de dar voz a um bandido, a atração vespertina prejudicou as negociações da polícia com o marginal e ainda exibiu isso em um horário em que muitas crianças estão em casa e provavelmente têm acesso à televisão.
Se houvesse uma regulamentação da mídia eficiente este programa poderia ter sido tirado do ar e servir de exemplo aos demais para que não buscassem no sensacionalismo e na exploração do sofrimento alheio o capital necessário para se manterem no ar.
É fácil acusar qualquer medida regulatória de atentado à liberdade de expressão ou imprensa, quando o real motivo desses empresários da comunicação ávidos por um lucro, cada vez maior, permitem que seus funcionários ultrapassem qualquer barreira para agradá-los em relação à audiência.
É de extrema ignorância comparar um controle da mídia saudável e necessário com o comportamento de Hugo Chávez na Venezuela. Nesse país, o governo detém o controle para permanecer no comando. Aqui no Brasil, o controle não seria para favorecer algum presidente, mas sim a população que já está cansada de tanto sensacionalismo e violência, mostrados nos canais abertos.
Fernanda Fernandes Borges

terça-feira, 12 de abril de 2011

Confecom uma luta contra a oligarquia midiática


         A  Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) foi realizada pela primeira vez no Brasil em dezembro de 2009, em Brasília. O objetivo era permitir uma participação mais popular e democrática nos veículos de comunicação. No entanto, os empresários de mídia não deram importância ao evento e o consideraram uma atitude de controle sobre a liberdade de expressão e o direito à informação.
         A Confecom pode ser considerada um primeiro avanço dentro de uma longa caminhada rumo à regulamentação da Comunicação Social na Constituição.
         Algumas propostas foram aprovadas nessa conferência. Estas são as principais:
  1. A afirmação da comunicação como direito humano, e o pleito para que esse direito seja incluído na Constituição Federal;
 2. A criação de um Conselho Nacional de Comunicação que possa ter caráter de formulação e monitoramento de políticas públicas;
  3. O combate à concentração no setor, com a determinação de limites à propriedade horizontal, vertical e cruzada;
 4. A garantia de espaço para produção regional e independente;
 5. A regulamentação dos sistemas público, privado e estatal de comunicação, que são citados na Constituição Federal mas carecem de definição legal, com reserva de espaço no espectro para cada um destes;
6. O fortalecimento do financiamento do sistema público de comunicação, inclusive por meio de cobrança de contribuição sobre o faturamento comercial das emissoras privadas;
7. A descriminalização da radiodifusão comunitária e a abertura de mais espaço para esse tipo de serviço, hoje confinado a 1/40 avos do espectro;
8. A definição de regras mais democráticas e transparentes para concessões e renovações de outorgas, visando à ampliação da pluralidade e diversidade de conteúdo;
9. A definição do acesso à internet banda larga como direito fundamental e o estabelecimento desse serviço em regime público, que garantiria sua universalização, continuidade e controle de preços;
10. A implementação de instrumentos para avaliar e combater violações de direitos humanos nas comunicações;
11. O combate à discriminação de gênero, orientação sexual, etnia, raça, geração e de credo religioso nos meios de comunicação;
12. A garantia da laicidade na exploração dos serviços de radiodifusão;
13. A proibição de outorgas para políticos em exercício de mandato eletivo. (Propostas extraídas do artigo “Confecom: O que foi feito de suas propostas? de Venício Lima)
         Várias regiões poderiam ter um espaço maior na mídia, se não houvesse a enorme concentração na região Sudeste, principalmente no eixo Rio-São Paulo. As dificuldades para concessões já poderiam ter sido superadas se realmente houvesse vontade política para isso.
         O temor dos empresários da comunicação de que a Confecom cerceasse a liberdade de expressão ou de imprensa é infundado ao se analisar a postura seletiva que a programação de suas emissoras possuem, privilegiando principalmente o retorno financeiro e não a qualidade do conteúdo veiculado.
        Infelizmente estamos em abril de 2011 e nada disso foi colocado em prática. A esperança é que a presidente Dilma Rousseff  permita que isso saía do papel e que o Brasil deixe de ser um país em que os meios de comunicação só dão voz aos excluídos em momentos de tragédias e lhes fecham as portas para mostrarem seus talentos ou idéias.
Fernanda Fernandes Borges

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Onda de paranoia no Wikileaks

Hoje, 8 de abril de 2011, acabou de ser divulgado em um site de notícias brasileiro que o site WikiLeaks revelou correspondências diplomáticas assinadas por Clifford Sobel, datadas de janeiro de 2009, dizendo que o embaixador dos EUA diz que Brasil é paranoico com a Amazônia. Tudo bem, não vamos discutir sobre isso.

Recentemente também foi divulgado em sites de notícias que o ex-porta-voz do site WikiLeaks Daniel Domscheit-Berg disse que o fundador do site, o australiano Julian Assange, é um homem "paranoico", que se acha um "James Bond" e que foge continuamente do perigo. O alemão foi o braço direito de Assange no portal, que alcançou fama mundial com o vazamento de informações sobre governos, empresas e organizações.

Coincidência ou não, os mesmos veículos ainda divulgaram que o contato no Uruguai do fundador do Wikileaks Martín Aguirre, que é o diretor responsável pelo jornal El País, afirmou na última quarta-feira que as pessoas que trabalham na misteriosa organização "são muito boas no que fazem e muito paranoicas".

Em dezembro do ano passado, documentos vazados pelo Wikileaks divulgaram que um diplomata americano revelou que o Reino Unido ficou "paranoico" sobre a chamada relação "especial" com os Estados Unidos após a eleição de Barack Obama como presidente. Essas informações foram acessadas e divulgadas pelo jornal britânico The Guardian. Em uma das filtragens, um diplomata dos EUA destacou o que ele descreve como "a paranoia" britânica sobre as relações com seu país.

Na mesma época, outro documento vazado no Wikileaks divulgou que o embaixador dos EUA no Afeganistão chamou o presidente do país, Hamid Karzai, de "paranóico" e "fraco", em comunicado a Washington. No documento, Karl Eikenberry diz que Karzai é "incapaz de compreender os princípios mais rudimentares da formação de um Estado". Os documentos mostram ainda uma profunda preocupação dos EUA com a corrupção no governo do Afeganistão.Quanta paranoia!

Martín Aguierre, do jornal uruguaio El País, descreveu em uma conferência sobre a publicação dos documentos do Departamento de Estado dos EUA relativos ao Uruguai, como foi seu encontro com Julián Assange e a organização em Londres para receber os documentos que foram publicados no jornal essa semana. "O Wikileaks não tem nada a ver com jornalismo. São técnicos informáticos, muito bons no que fazem e que se parecem mais com os clássicos nerds", apontou o Aguierre em relação às pessoas da organização com as quais manteve contato. Segundo Aguierre, o que parece claro é que nem Assange nem o Wikileaks fazem isto por dinheiro, que poderiam ganhar "de qualquer outra maneira", mas que existe "um tipo de narcisismo" em todas as suas ações.

Ora, então a tão citada paranoia deve vir desse narcisismo! Já que o famoso Wikileaks “não tem nada a ver com jornalismo”, de que valeria tanta paranoia senão fosse pelo sucesso? Temos que ficar atentos a esse vírus paranoico! De acordo com as diversas notícias publicadas na internet recentemente, podemos perceber que o tsunami de paranoia “wikileaksticas” vai alcançar o mundo todo.

Por Luiza Senna

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Supremacia americana ameaçada?

A palavra Wikileaks representa um site de uma organização transnacional sem fins lucrativos, sediada na Suécia. Seu objetivo é publicar documentos, fotos e informações confidenciais de Empresas ou Governos. As pessoas que repassam os segredos de seu país ou sua empresa, raramente são identificadas, porque é quase impossível descobri-las.
No entanto “O Caso Wikileaks”, ganhou notoriedade mundial em 2010, quando documentos sobre a Guerra do Afeganistão e do Iraque do Governo dos Estados Unidos foram publicados no site, gerando um mal-estar no âmbito da política internacional.
 Comentários sobre autoridades de outras nações também foram publicados. A chanceler federal alemã Ângela Merkel foi chamada pelos diplomatas americanos de Ângela “Teflon”, referência a um plástico com superfície quase em atrito, utilizado para definir Merkel como alguém sem posição definida, segundo um dos relatórios divulgados pelo site.
O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, foi considerado um líder com “personalidade fraca” e acometido por paranóia. Vladimir Putin, presidente da Rússia, foi chamado de “megagrosseiro”. O fundador do Wikileaks, o australiano Julian Assange, promete para breve novas revelações bombásticas relacionadas aos Estados Unidos e suas empresas.
É bom lembrar que os Estados Unidos sempre estão em uma posição de colonizador em relação às demais nações. Eles se esquecem de que foram colonizados pela Inglaterra. Além disso as descobertas, as invenções, o cinema, tudo na mentalidade americana foi feito por eles que são “seres superiores “e só usam isso muitas vezes para o mal.
O vazamento das informações foi válido para desmascarar a falta de respeito dos diplomatas americanos em relação às demais nações. No entanto, deve-se questionar também o motivo que  levou Julian Assange a publicar isso em seu site.
Não seria o criador do Wikileaks um candidato à celebridade instantânea? No mundo contemporâneo a busca pela fama é cada vez maior e as pessoas são capazes de tudo para alcançar o estrelato.
Cabe a cada cidadão bem informado tirar suas próprias conclusões em relação ao posicionamento americano e o dos líderes mencionados nos relatórios confidenciais. Será que vale a pena aceitar desaforos, mesmo que estes tenham sidos proferidos de modo sigiloso que chegou ao conhecimento público de forma não-convencional? Reflita e tire suas próprias conclusões.
Fernanda Fernandes Borges
Geraldo Magela da Silva