O professor da PUC Minas e Coordenador de Comunicação da AIC (Associação de Imagem Comunitária) Roberto Edson de Almeida discute comunicação comunitária, lei de imprensa, democratização da mídia e o caso Wikileaks. Leia a entrevista realizada pelos alunos Fernanda Fernandes Borges, Geraldo Magela da Silva, Leonardo Bruno Dias e Luiza Senna de Valle Fonseca em maio de 2011.
1) De que forma a comunicação comunitária permite a existência da liberdade de imprensa?
O foco da comunicação comunitária é potencializar a liberdade de expressão. A idéia é possibilitar diálogos, debates, discussões, sendo um espaço mais acolhedor. É ampliar as possibilidades de grupos excluídos dos meios convencionais poderem expressar suas falas e pensamentos e verem isso divulgado.
2) A liberdade de expressão é mais perceptível no âmbito comunitário?
Acho que não. Ela não deve ser pensada assim. Deve ser vista como um direito universal. É interessante pensá-la como um todo e não como restrita a um segmento.
3) Nos meios de comunicação convencionais, muitas vezes, concentrados em poucas mãos, é possível haver liberdade de imprensa? E de expressão?
A liberdade de imprensa está relacionada à própria criação da imprensa. O que ocorre é que a concentração dos meios de comunicação dificulta a liberdade de expressão, impedindo uma participação da sociedade em discussões políticas e sociais da esfera pública. O que mais fica prejudicado é a liberdade de expressão.
4) Como é possível democratizar o acesso aos meios de comunicação?
A democratização só é possível quando entendemos a comunicação como um bem público e não como apenas uma simples mercadoria. O fortalecimento de TV públicas e estatais, da comunicação comunitária e o incentivo ás produções independentes podem ser um caminho paliativo para a democratização. O problema é o preconceito. Muitas vezes, rádios comunitárias são denominadas “piratas”, remetendo a um sentido marginal. O fundamental é entender que a falta de democratização é um reflexo da concentração de poder que existe em nossa sociedade.
5) Você acha necessária a criação de uma lei de imprensa? Por quê?
Sim. Porque a comunicação vive uma desregulamentação muito esquisita no momento. As regras existentes para controlá-la ou puni-la estão no código civil e penal. É necessário haver uma maior ordenação para punir os desvios, regular alguns conteúdos e impedir censuras veladas.
6) O jornalismo, muita vezes é praticado de modo a atender aos interesses capitalistas e se esquece de suas responsabilidades com a sociedade e a ética. Como evitar isso?
O mundo em que vivemos é capitalista. O interessante seria criar espaços para discussões junto à sociedade civil. O jornalismo pode ser explorado comercialmente, desde que não se restrinja a isso. Os cidadãos devem discutir por meio de debates plurais e abertos. Trabalhar com comunicação não é a mesma coisa que produzir cadeiras, canetas e outros objetos. Os empresários precisam entender isso.
7) A regulação da mídia é censura?
Não. Algumas vezes, os problemas são as palavras empregadas como “regulação” que denota uma espécie de censura ou punição. A Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), ocorrida em 2009 em Brasília, não tinha como objetivo proibir conteúdos e sim pluralizar e regionalizar as produções como é defendido pela Constituição, permitindo uma maior diversidade cultural. O objetivo não era cercear a mídia, estrangular a democracia ou impedir o jornalista de informar, mas sim de efetivar a qualidade democrática do Estado. Isso por meio da multiplicação de vozes e produções descentralizadas e diversificadas que propiciariam um fortalecimento da democracia.
8) O que você pensa sobre o caso Wikileaks?
Considero importante. É difícil construir uma sociedade democrática, quando as decisões são tomadas à revelia do povo. É fundamental colocar os segredos às claras para propiciar debates, questionamentos e discussões.
9) Quais as maiores qualidades do jornalismo?
A imprensa durante o governo Lula se mostrou bastante feroz em relação aos escândalos. Isso é importante, porque mostra que não há unamidade em relação à figura de uma autoridade aclamada pela população, mas não preservada pela mídia que de certa forma cumpriu seu papel ao levar aos receptores a realidade dos fatos. Isso é imprescindível para a democracia.
10) E os piores defeitos?
A pior coisa é achar que fazer comunicação é uma prática como vender carros, canetas ou lápis. O sensacionalismo, o denuncismo e o desrespeito com as fontes em troca de pontos de audiência são abomináveis. O jornalista não deve se deixar levar pela mercantilização desse universo.
1) De que forma a comunicação comunitária permite a existência da liberdade de imprensa?
O foco da comunicação comunitária é potencializar a liberdade de expressão. A idéia é possibilitar diálogos, debates, discussões, sendo um espaço mais acolhedor. É ampliar as possibilidades de grupos excluídos dos meios convencionais poderem expressar suas falas e pensamentos e verem isso divulgado.
2) A liberdade de expressão é mais perceptível no âmbito comunitário?
Acho que não. Ela não deve ser pensada assim. Deve ser vista como um direito universal. É interessante pensá-la como um todo e não como restrita a um segmento.
3) Nos meios de comunicação convencionais, muitas vezes, concentrados em poucas mãos, é possível haver liberdade de imprensa? E de expressão?
A liberdade de imprensa está relacionada à própria criação da imprensa. O que ocorre é que a concentração dos meios de comunicação dificulta a liberdade de expressão, impedindo uma participação da sociedade em discussões políticas e sociais da esfera pública. O que mais fica prejudicado é a liberdade de expressão.
4) Como é possível democratizar o acesso aos meios de comunicação?
A democratização só é possível quando entendemos a comunicação como um bem público e não como apenas uma simples mercadoria. O fortalecimento de TV públicas e estatais, da comunicação comunitária e o incentivo ás produções independentes podem ser um caminho paliativo para a democratização. O problema é o preconceito. Muitas vezes, rádios comunitárias são denominadas “piratas”, remetendo a um sentido marginal. O fundamental é entender que a falta de democratização é um reflexo da concentração de poder que existe em nossa sociedade.
5) Você acha necessária a criação de uma lei de imprensa? Por quê?
Sim. Porque a comunicação vive uma desregulamentação muito esquisita no momento. As regras existentes para controlá-la ou puni-la estão no código civil e penal. É necessário haver uma maior ordenação para punir os desvios, regular alguns conteúdos e impedir censuras veladas.
6) O jornalismo, muita vezes é praticado de modo a atender aos interesses capitalistas e se esquece de suas responsabilidades com a sociedade e a ética. Como evitar isso?
O mundo em que vivemos é capitalista. O interessante seria criar espaços para discussões junto à sociedade civil. O jornalismo pode ser explorado comercialmente, desde que não se restrinja a isso. Os cidadãos devem discutir por meio de debates plurais e abertos. Trabalhar com comunicação não é a mesma coisa que produzir cadeiras, canetas e outros objetos. Os empresários precisam entender isso.
7) A regulação da mídia é censura?
Não. Algumas vezes, os problemas são as palavras empregadas como “regulação” que denota uma espécie de censura ou punição. A Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), ocorrida em 2009 em Brasília, não tinha como objetivo proibir conteúdos e sim pluralizar e regionalizar as produções como é defendido pela Constituição, permitindo uma maior diversidade cultural. O objetivo não era cercear a mídia, estrangular a democracia ou impedir o jornalista de informar, mas sim de efetivar a qualidade democrática do Estado. Isso por meio da multiplicação de vozes e produções descentralizadas e diversificadas que propiciariam um fortalecimento da democracia.
8) O que você pensa sobre o caso Wikileaks?
Considero importante. É difícil construir uma sociedade democrática, quando as decisões são tomadas à revelia do povo. É fundamental colocar os segredos às claras para propiciar debates, questionamentos e discussões.
9) Quais as maiores qualidades do jornalismo?
A imprensa durante o governo Lula se mostrou bastante feroz em relação aos escândalos. Isso é importante, porque mostra que não há unamidade em relação à figura de uma autoridade aclamada pela população, mas não preservada pela mídia que de certa forma cumpriu seu papel ao levar aos receptores a realidade dos fatos. Isso é imprescindível para a democracia.
10) E os piores defeitos?
A pior coisa é achar que fazer comunicação é uma prática como vender carros, canetas ou lápis. O sensacionalismo, o denuncismo e o desrespeito com as fontes em troca de pontos de audiência são abomináveis. O jornalista não deve se deixar levar pela mercantilização desse universo.
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